A ciência comportamental é fenomenal e nos últimos anos conquistou bastante espaço no Brasil e no mundo, motivo pelo qual existe um grande número de pessoas que pensam em estudar psicologia. Todavia, queremos fazer algumas observações importantes para você que ainda está em dúvida.
Antes de partirmos para as 05 dicas para quem pensa estudar psicologia, não podemos deixar de recomendar um dos livros mais utilizados em qualquer instituição de ensino de psicologia, o best-seller de Contardo Calligaris, “Cartas a um jovem terapeuta: reflexões para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos“.
Se você ainda não leu, mesmo se já não estiver fazendo o curso de psicologia este livro pode lhe ajudar muito a ter uma noção de como é a profissão de psicólogo, o que poderá lhe fazer se apaixonar ainda mais ou perceber que esta não é a sua área. Feita a recomendação, vamos às dicas?
01 – Vocação ou falta de opção?
Como em qualquer profissão, a psicologia requer paixão, mas ousamos dizer que nessa área essa paixão precisa obrigatoriamente ser genuína, e isso por um motivo muito específico: lidamos diretamente com pessoas, e na maioria das vezes em situação de sofrimento emocional intenso!
Não é só na psicologia clínica que você lida com o sofrimento humano. O psicólogo tem por natureza a capacidade de ser alguém que enxerga e é capaz de lidar com a dor do outro em qualquer contexto, podendo ser na escola, no hospital, em grupos sociais, no sistema judiciário, etc.
Assim, jamais quem pensa em estudar psicologia deve tomar essa decisão por “falta de opção”, pelo simples fato de que se você não tiver como característica pessoal o gostar de pessoas, estar com elas, ouvi-las, compreender e lidar com os conflitos humanos, muito provavelmente a sua atuação será um fracasso.
02 – Psicologia para você ou para os outros?
Outro aspecto importante a se considerar na hora de resolver se vale a pena estudar psicologia, é se a sua intenção é, na verdade, conhecer a si mesmo ou ingressar numa profissão.
Não há problema algum em cursar psicologia como forma de adquirir conhecimento e crescimento pessoal. Todavia, há uma diferença substancial entre isso e o exercício profissional. Muitas vezes, exatamente por não saberem fazer essa diferenciação, alguns “profissionais” carregam seus dilemas pessoais para o trabalho, prejudicando os demais.
Assim, nossa dica é: se você sente que quer se aproximar da psicologia como forma de autoconhecimento e amadurecimento, considere fazer primeiro uma psicoterapia e não um curso de psicologia.
Não estamos dizendo com isso que estudantes e profissionais de psicologia não podem associar a vocação ao autoconhecimento e também à própria psicoterapia. Estamos dizendo apenas que muitas pessoas que pensam em estudar psicologia, na verdade, estão querendo outra coisa e não a profissão, em si.
Nestes casos, a própria psicoterapia poderá ajudar a esclarecer melhor as suas intenções e objetivos, quer seja um estudante, candidato a estudante ou mesmo um profissional já consolidado. Além disso, procurar acompanhar o trabalho de algum psicólogo, se tiver a oportunidade, também é uma boa dica.
03 – Forme-se, não seja formado
Se você tem certeza de que quer ser um estudante de psicologia, tenha em mente que a qualidade do seu aprendizado não está apenas numa instituição, mas em você mesmo(a)! Esse é, na verdade, o grande fator-chave da formação profissional: a capacidade de se formar e não de ser formado.
Universidades formam pessoas dentro de um cronograma de ensino, mas a vida profissional e a amplitude do conhecimento científico vão muito além disso. Quem se limita a aprender o que diz a sua grade curricular deixa muito a desejar em termos práticos e se torna teoricamente limitado.
No caso da psicologia em especial, a exigência de ir além da formação universitária é algo gritante, porque a o comportamento humano é extremamente complexo e está a cada nova geração em um contexto diferente, exigindo do profissional um olhar sistêmico, versátil e multidisciplinar.
Portanto, se você quer se tornar um excelente estudante de psicologia, amplie seus horizontes lendo muito, pesquisando, conversando e ouvindo pessoas das mais diferentes áreas e dos mais variados tipos de pensamentos. Não adote um viés ideológico (até porque ideologia não é ciência) e tenha em mente que o pensamento científico depende da capacidade de questionar a tudo e todos, sempre.
04 – Enxergue o sucesso como consequência
É natural que a preocupação com o salário, a empregabilidade, faça parte do pensamento de toda pessoa que está escolhendo um curso universitário. Todavia, muitos não se dão conta de que isso é muito mais uma consequência natural da qualidade do seu trabalho, do que da demanda de mercado.
Em toda profissão há pessoas que reclamam das oportunidades e do quanto ganham, mas a verdade é que a maioria delas (para não dizer todas) não oferece um bom trabalho, não busca aperfeiçoamento e, portanto, não acompanha o ritmo do seu tempo. Acham que para obter sucesso basta ter um diploma e algumas indicações.
Quando se deparam com a realidade, no entanto, a frustração aparece e logo tentam colocar a culpa na profissão. A verdade é que na maioria das vezes o problema está no próprio profissional e não na carreira. Sendo assim, antes de estudar psicologia tenha em mente que os seus resultados são consequências da sua dedicação e não do acaso, muito menos de sorte.