GEÓRGIA, 17 de abril (Neuro Science News) – As expectativas da sociedade sobre os papéis de gênero alteram o cérebro humano em nível celular, de acordo com um artigo publicado por um grupo de pesquisadores de neurociência da Georgia State University.
“Estamos apenas começando a entender e estudar as maneiras pelas quais a identidade de gênero, em vez do sexo, pode fazer o cérebro diferir em homens e mulheres”, disse Nancy Forger, professora e diretora do Instituto de Neurociências.
Embora os termos “sexo” e “gênero” sejam freqüentemente usados indistintamente pelo senso comum, para os neurocientistas, eles significam coisas diferentes, disse Forger.
“O sexo é baseado em fatores biológicos, como cromossomos sexuais e gônadas [órgãos reprodutivos]”, disse ela, “enquanto o gênero tem um componente social e envolve expectativas e comportamentos baseados no sexo percebido de um indivíduo”.
Esses comportamentos e expectativas em torno da identidade de gênero podem ser vistos em “marcas epigenéticas” no cérebro, o que leva a funções biológicas e características tão diversas quanto a memória, o desenvolvimento e a suscetibilidade a doenças.
Forger explicou que as marcas epigenéticas ajudam a determinar quais genes são expressos e às vezes transmitidos de uma célula para outra à medida que se dividem. Eles também podem ser passados de geração em geração, disse ela.
“Enquanto estamos acostumados a pensar sobre as diferenças entre os cérebros de homens e mulheres, estamos muito menos acostumados a pensar sobre as implicações biológicas da identidade de gênero”, disse ela.
“Agora existem evidências suficientes para sugerir que uma impressão epigenética para gênero é uma conclusão lógica. Seria estranho se não fosse assim, porque todas as influências ambientais de qualquer importância podem alterar epigeneticamente o cérebro”.
“Dadas as nossas vidas de experiências de gênero em camadas e suas inevitáveis interações com o sexo, talvez nunca seja possível desvincular completamente os efeitos do sexo e do gênero no cérebro humano”, acrescenta Forger.
Comentário:
A intenção implícita dessa pesquisa é tentar fazer parecer que a identidade de gênero, seja ela qual for, não possui conexão predominante com o sexo biológico, uma vez que tal conceito de “gênero” seria influenciado por fatores externos, isto é, influenciados pelo meio.
Não resta dúvida de que o cérebro realiza micro-adaptações ao ambiente. Isto é reconhecido como “neuroplasticidade”. Entretanto, tais mudanças, incluindo às epigenéticas, não são suficientes para alterar a natureza sexual de um indivíduo.
Partindo de outra perspectiva, por exemplo, reconhecendo a tese da pesquisa como legítima, ainda assim tais mudanças apenas comprovariam o quanto a cultura possui um papel importante não na alteração, mas sim na harmonização da identidade de gênero de um indivíduo com o seu sexo biológico, tendo em vista que os “fatores biológicos, como cromossomos sexuais e gônadas”, como reconhece Forger, são imutáveis