Transgênero, ex-soldado do Exército Americano vence luta de MMA feminino

Alana McLaughlin, a segunda pessoa declaradamente transgênero a competir no MMA nos Estados Unidos, venceu sua estreia na última sexta-feira à noite por finalização nas preliminares do Combate Global em Miami, Flórida. A sua participação em um evento de luta feminino, contudo, causou polêmica e dividiu opiniões.

Alana, de 38 anos, usou um mata-leão contra Celine Provost para encerrar a partida aos 3 minutos e 32 segundos do segundo round. Ela iniciou a sua transição de gênero após deixar as Forças Especiais do Exército dos EUA em 2010. Agora espera ser uma pioneira entre os atletas transgêneros em esportes de combate.

“Quero pegar o manto que Fallon colocou”, disse McLaughlin à Outsports antes da luta, referindo-se a Fallon Fox, que em 2012 se tornou a primeira pessoa trans a lutar no MMA. “No momento, estou seguindo os passos de Fallon. Eu sou apenas mais um passo no caminho e tenho grande esperança de que haja mais coisas para me seguirem.”

Fox, que se sentou ao lado do tatame na sexta-feira, lutou pela última vez em 2014. Quatro anos depois, Patricio Manuel se tornou a primeira pessoa transgênero masculino a competir em uma luta de boxe profissional nos Estados Unidos, quando derrotou Hugo Aguilar por decisão unânime.

McLaughlin começou a treinar há um ano e foi liberada para lutar pela Comissão de Boxe do Estado da Flórida após ter seus níveis hormonais testados, de acordo com a ESPN. Ela disse que foi um “pesadelo” encontrar um oponente. “Não tenho nada além de respeito pelo [Provost]”, disse McLaughlin.

A luta estava originalmente marcada para 6 de agosto, mas foi adiada depois que Provost, uma veterana do boxe e MMA de 35 anos, testou positivo para o coronavírus. Provost acertou vários socos no primeiro round antes de McLaughlin conseguir uma reviravolta.

McLaughlin was declared the victor by submission
McLaughlin aplicando o golpe que lhe deu a vitória na luta. Foto: reprodução

Ao ser declarada vitoriosa, McLaughlin vestiu uma camisa com a frase: “Fim do genocídio trans”.

Ideologia de gênero vs esporte

A presença de atletas transgêneros do sexo masculino em disputas esportivas femininas está longe de ser algo bem aceito na comunidade esportiva. Isso porque, os críticos, não por acaso as mulheres em sua ampla maioria, argumentam que gênero e biologia são coisas distintas.

Ou seja, que uma pessoa pode se considerar psicologicamente pertencente a outro sexo, mas que isso não muda a sua natureza sexual biológica. McLaughlin, por exemplo, continua sendo do sexo masculino, de modo que todo o seu corpo foi desenvolvido de acordo com essa determinação genética.

A transição de gênero visa adequar ao máximo possível o corpo à condição psicológica, mas ainda assim, segundo os críticos, isso não muda o fato de que numa competição esportiva onde a força física é um fator primordial, pessoas do sexo masculino tenham alguma vantagem sobre as do sexo feminino.

Os atletas trans, por outro lado, argumentam que o tratamento hormonal, usado para a chamada “transição”, é o que torna esse tipo de competição viável, pois alegam que, com o passar dos anos, os testes apresentam os mesmos níveis hormonais do sexo oposto, e que isso, em tese, elimina o problema da diferença de força muscular. Com informações do New York Post.

Alana McLaughlin won her MMA debut Friday.
McLaughlin ao ter a sua vitória declarada na luta feminina de MMA. Foto: reprodução