Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos profissionais de saúde em um contexto de pandemia é a qualidade do acolhimento hospitalar. Por essa razão, compreender o mínimo sobre a importância da humanização psicológica nessas circunstâncias é algo tão vital.
Devido ao grande volume de demanda, algo típico nas grandes pandemias, a urgência médica normalmente foca mais nos aspectos técnicos do acolhimento em saúde, tais como oferta de leito, medicamento e equipamentos hospitalares.
O lado emocional do paciente que chega ao hospital geralmente não é visto como deveria, uma vez que o conceito clínico-médico de saúde frequentemente dissocia a mente do corpo, como se a dimensão biopsicossocial não tivesse uma estreita relação capaz de afetar o tratamento.
“Será que estamos verdadeiramente preparados para lidar com uma pandemia, que tem gerado reações emocionais intensas na população? Estamos preparados para o caos psíquico ou apenas para a assistência ao quadro orgânico do paciente?”, questiona a psicóloga hospitalar intensivista Mariana Batista Leite Leles.
A especialista escreveu um breve artigo para o PebMed abordando a importância da humanização psicológica no contexto de pandemia, mostrando como os psicólogos devem se portar na oferta dos cuidados necessários às vítimas, por exemplo, do novo coronavírus.
Caos aumenta a necessidade de humanização
“O time assistencial, deve estar treinado, não apenas para manejar aspectos predeterminados, como o isolamento, utilização de EPIs, exames padrão, etc. Devem estar minimamente conscientes sobre o impacto de uma pandemia na realidade emocional e comportamental da sociedade”, escreve Mariana.
Para a especialista, a humanização deve existir independentemente das circunstâncias. Por sinal, a lógica nos diz que quanto maior é o ambiente de caos, maior deve ser a preocupação com a qualidade do acolhimento emocional dos pacientes, já que a humanização faz toda a diferença nesses momentos.
“Não há motivos nem justificativas para a exclusão do cuidado humanizado, seja em situações eletivas, emergentes ou caóticas. A atenção a saúde emocional do paciente e familiares, inclusive influencia de modo direto na condução do tratamento”, diz a psicóloga.