Morreu na última terça-feira (30) o psicanalista italiano radicado no Brasil, Contardo Calligaris, considerado uma das maiores referências da área no mundo atual, remanescente de ícones da psicanálise como Jacques-Marie Émile Lacan, de quem também foi aluno.
Aos 72 anos, Calligaris lutava contra um câncer e estava internado no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo. Autor de várias obras, ele também foi dramaturgo e professor, já tendo atuado em algumas universidades renomadas, como a da Califórnia, em Berkeley, em Nova York e na Universidade de Paris.
Desde 1999 Calligaris também atuava como colunista do jornal Folha de S. Paulo. Ele chegou ao Brasil pela primeira vez em 1986, quando veio palestrar sobre a sua primeira obra, a “Hipótese sobre o fantasma”. Aqui conheceu a sua esposa, uma brasileira, se radicalizando brasileiro.
Formação de Calligaris
Contardo Calligaris se formou primeiramente em epistemologia genética na Suíça, depois em Letras, onde desenvolveu paixão pela literatura. Isso lhe fez cursar um doutorado em Paris na área de semiologia, sob orientação do escritor Roland Barthes (1915-1980), considerado o maior da época.
O contato de Calligaris com a psicanálise ocorreu quando ele passou a fazer análise. Também se apaixonou pela área e passou a estudá-la na Universidade de Provence, na França. Além de Lacan, o autor também teve aulas com o filósofo Michael Foucault.
O psicanalista também fez doutorado em psicologia clínica, mas a sua área de atuação sempre foi a psicanalítica, o que lhe rendeu a fama mundial. Entre as suas obras, talvez a mais popular se chama “Cartas a um jovem terapeuta: Reflexões para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos” (Planeta), reeditado em 2019.
Comentando a morte de Calligaris, seu único filho, Maximilien Calligaris, citou uma das suas últimas palavras. “‘Espero estar à altura.’ Diante da proximidade da morte, essa foi a frase do meu pai. Ele se foi agora”, informou o G1.