Nesse exato momento, milhões de jovens ao redor do mundo estão sendo motivados a construir relacionamentos funcionais. É o tipo de relação que tem a finalidade de atingir um propósito geralmente vinculado à obtenção de prazer, sucesso, fama e reconhecimento.
Não se trata, portanto, de relacionamentos espontâneos construídos sem interesses que vão além da identificação com o outro. Os relacionamentos funcionais escondem a necessidade de convívio social. Conviver é algo mais profundo e significativo do que possuir contatos.
Na geração atual, temos milhares de contatos. Somos incentivados à aumentar nosso número de contatos. A fama, por exemplo, frequentemente associada ao status social e ao valor de uma pessoa, está baseada no número que ela tem de seguidores ou assinaturas em uma mídia social como o Facebook, Twitter ou Youtuber.
Essa “fama” não é avaliada pela qualidade dos seus relacionamentos, mas sim pela instrumentalização de recursos que servem de intermédio entre ela e um “outro” que nunca viu, tocou ou sabe o nome.
Ao mesmo tempo em que o crescimento de relacionamentos funcionais se torna evidente, a necessidade de convívio social também aparece como reflexo desse fenômeno. Isso, porque, às pessoas se tornam funcionais à medida que não tem a oportunidade (ou não sabem) como desenvolver convívio social.
Às redes sociais, então, estão servindo para mascarar as deficiências nas relações olho no olho. Os perfis virtuais escondem pessoas inseguras, mas necessitadas de autoconhecimento e companhia. Quase sempre refletem o ritmo de suas próprias vidas, assim como da cultura ao seu redor.
Um dos desafios dessa geração é desenvolver relacionamento baseado no convívio e não na utilidade.
Enxergar o outro não como mais uma opção em uma multidão de perfis virtuais, mas alguém único vivendo no mundo real. Entender que pessoas não são feitas de links, mas de carne e ossos.
Conviver necessita de dedicação a alguém, mas esse “alguém” que exige identidade, história de vida e contato, já não existe fora do mundo virtual como antes, porque assim como a maioria sujeita à influência da “modelagem cultural”, esse alguém também acredita que grande parte da sua existência é “virtual”.