ONU diz que negligência em saúde mental atinge famílias na pandemia do coronavírus

A preocupação com a pandemia do novo coronavírus é justificável, dado o número de mortes e infectados pelo vírus em todo o planeta. Entretanto, outros aspectos atrelados ao surto que assola os países parece estar sendo negligenciado: o da saúde mental!

Com base nisso, o secretário-geral da ONU, António Guterres, emitiu um alerta para os países, ressaltando a importância de se combater o coronavírus, porém, dando ênfase também aos aspectos da saúde mental da população.

Segundo o secretário, “após décadas de negligência e subinvestimento em serviços de saúde mental, a pandemia de covid-19 agora está atingindo famílias e comunidades com estresse mental adicional”, disse ele, segundo informações do DW.

Saúde mental já era uma preocupação

O alerta da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a preocupação com a saúde mental da população durante a pandemia só vem para confirmar o que especialistas já vinham alertando sobre o assunto.

Destacamos dois estudos que abordam essa preocupação atrelada à pandemia do coronavírus, como por exemplo:

01- Estudo revela aumento da depressão e ansiedade

Um estudo realizado pela Universidade de Sheffield em parceria com a Universidade de Ulster, revelou um aumento significativo do número de pessoas que relataram sofrer de depressão e ansiedade durante a pandemia.

Participaram da pesquisa 2.000 pessoas. Um dia antes de saber da quarentena, porém, os mesmos participantes relataram uma taxa muito inferior dessas condições emocionais, sendo de 16 e 17%  respectivamente, menor.

Após saberem que teriam que entrar em quarentena, a taxa percentual praticamente dobrou, informou o Psicologia Notícias.

02 – Estudo fala em 75.000 mil “mortes por desespero”

Mais recentemente, outro estudo, dessa vez publicado pela organização Well Being Trust, revelou que cerca de 75.000 pessoas poderão sofrer a chamada “morte por desespero” nos próximos anos em decorrência dos efeitos negativos da pandemia.

Esse tipo de morte ocorre como resultado dos comportamentos de risco desenvolvidos ao longo desse período, como o abuso de drogas. Vale ressaltar que os dois estudos citados se corroboram, fazendo pleno sentido no âmbito da psicologia social e da saúde mental.

Com o aumento da depressão e da ansiedade, geralmente observa-se também o aumento da adicção e outros comportamentos de risco, além da depressão. O primeiro estudo aponta uma coisa que o segundo, portanto, complementa.

Saúde mental na pandemia

Com base nessas informações compreendemos a importância do alerta feito pela ONU sobre a necessidade dos profissionais, em todos os países, trabalharem os cuidados sobre a saúde mental da população.

“Mesmo quando a pandemia estiver sob controle, luto, ansiedade e depressão continuarão afetando pessoas e comunidades”, alertou Guterres. “Serviços de saúde mental são parte essencial de todas as respostas governamentais à covid-19. Eles devem ser ampliados e totalmente financiados.”

No Brasil, psicólogos como a escritora Marisa Lobo vêm fazendo cada vez mais alertas sobre os efeitos negativos da pandemia sobre o psicológico das pessoas.

“Esta semana atendi 8 pessoas c/ ideação suicida, por causa d instabilidade econômica, medo, angústia [sic]”, escreveu Marisa Lobo em uma rede social, noticiou o Psicologia Notícias.

“As pessoas precisam se movimentar, caminhar, fazer algum tipo de exercício p motivar o cérebro a produzir hormônios do bem estar. Isolamento está favorecendo a doença mental. #SOS”, destacou.