É importante observar que, antes da pandemia do Covid19, o mundo já sofria com outros inimigos invisíveis. As correntes migratórias, por exemplo, trouxeram o sarampo de volta ao Brasil e, naEuropa, acirraram diferenças religiosas.
Apesar de escondidas, soubemos de episódios de violência contra as mulheres e de manifestações de ódio religioso, oriundas de imigrantes espalhados pelo velho continente. A realidade mostrou prejuízos econômicos, sociais e até terrorismo, trazidos na bagagem de oportunistas em meio a refugiados, fatos estes que foram pouco noticiados, graças à subordinação aos defensores do politicamente correto.
Esses e outros acontecimentos mostraram o quanto o “mundo progressista” estava errado na concretização de suas teorias. E o preço destes erros pode indicar que o globalismo talvez esteja custando bem mais caro do que o imaginado.
Como consequência disto, parece ter surgido um sentimento coletivo de descrença nos “experts” da chamada nova era. Somam-se a esses aspectos o fato de constatarmos tantas falhas na educação e na condução política e econômica dos países que aderiram ao ideal globalista.
Além disso, a tecnologia favoreceu a descoberta de redes de corrupção mundiais que fizeram com que uma grande parcela das pessoas de diversos países acordasse e soltasse seu grito de basta.
Destarte, uma convergência de pensamentos, principalmente entre conservadores, mostrou um alinhamento de ideias ou sentimentos de que estamos sendo lesados ou furtados para financiar a construção da chamada nova era.
Para muitos, o movimento progressista globalista é, na verdade, um plano invisível para apropriar-se do poder, plano este concretizado a partir da destruição da juventude, da usurpação de verbas públicas, da degradação moral e desvalorização da família, da criminalização da fé (judaico-cristã) e por fim, de uma desconstrução de todas as bases da civilização, em prol de um controle estatal totalitário.
Provavelmente, elementos como os apontados acima expliquem os novos rumos no cenário político e econômico mundial. Hoje temos Trump, Bolsonaro, Johnson e outros líderes conservadores encabeçando os cenários de diversas potências ao redor do mundo. Aliás, essas mudanças contrariaram as previsões de grandes órgãos da mídia e não por coincidência, assistimos a uma derrocada na confiança nos velhos veículos de informação.
Imersos em uma descrença generalizada, a grande imprensa agoniza diante de uma nova geração de internautas, que enxergam o viés político nas notícias e aprenderam a desconfiar dos números apresentados na TV. A liberdade digital criou também um universo de tribos virtuais sem precedentes, com milhões de seguidores engalfinhando-se nas telas, em defesa de seus ídolos e ideologias.
Neste cenário de efervescências e mudanças, surge o Covid19. Ele veio sem dar tempo para estudos científicos, ou soluções a curto prazo. Em contrapartida, poucos estão se arriscando a enxergar fenômenos que orbitam a questão do Coronavírus, além do problema de saúde per se, tais como as suas consequências comportamentais, sociais e psicológicas. Mas já é possível tecer alguns comentários a respeito.
Uma dessas consequências é um distanciamento dos jovens em relação aos mais velhos. Agarrados a justificativa (hipócrita a meu ver) de poupá-los do contágio viral, o que verificamos é uma atitude de repulsa e de preconceito contra os idosos, que são ainda mais isolados. E não será surpresa se os seguros de vida e a assistência médica ficarem ainda mais caros para eles.
No campo digital, o incremento do comércio virtual poderá permanecer, o que reduzirá ainda mais o número de estabelecimentos ou lojas físicas. Trabalhadores poderão ser substituídos por sistemas ou gestores especializados em home office, dificultando a inserção profissional dos menos capacitados.
Mais pessoas em casa significa aumento da demanda e consumo individuais, mais lixo e maior demanda por energia doméstica, mais entregadores e delivery, além do que, provavelmente aumentará o número de assaltos às residências, em geral sem segurança e desarmadas.
Não demorará muito e a internet cederá às legislações e ferramentas de controle da produção dos funcionários em suas casas, a fim de coibir fraudes e procrastinação digital. Com o aumento no número de pessoas conectadas, por mais tempo diante da tela, além dos já conhecidos vírus, as pessoas ficarão mais vulneráveis a conteúdos ilícitos, crimes cibernéticos, pornografia infantil, etc.
Por fim, com o enfraquecimento dos relacionamentos sociais, as pessoas tenderão a desenvolver mais distúrbios psicológicos e transtornos mentais, que tenderão a permanecer invisíveis e sem tratamento, no silêncio do isolamento caseiro.
Num futuro, que espero seja breve, certamente o Covid19 será apenas o nome de uma outra vacina, citado nos assuntos de festas e churrascos que voltarão, assim como as missas e cultos. Entretanto, mesmo que o velho assunto do vírus vire apenas uma lembrança ou uma hashtag nos mecanismos de busca, ainda assim, faltará remédio para os muitos outros inimigos invisíveis e epidemias que estão surgindo, as quais, querendo ou não, estaremos vulneráveis.
Autor: Prof. Dr. Carlos Portela, MsC, DsC, PhD
Psicólogo: CRP 06/49.887-1