A pandemia do novo coronavírus trouxe inúmeras consequências ao mundo, não apenas ceifando vidas humanas, mas também modificando radicalmente o dia-a-dia das famílias. Diante disso, o psicólogo e professor do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza (Unifor), Álvaro Rebouças, falou sobre alguns fatos importantes desse contexto.
“Desde o ano passado nós estamos lidando com um processo de luto, no qual o sentimento é um pedaço. Então, nessa circunstância temos que lidar com uma modificação na própria rotina, na vida das famílias, das pessoas e etc.”, disse ele ao Diário do Nordeste.
Sobre a questão do luto, o psicólogo explicou que o momento é extremamente difícil, visto que algumas famílias perdem mais de um ente querido. Segundo o especialista em Terapia Familiar, pessoas que lidam com este sofrimento precisam ser norteadas por tarefas, a fim de que encontrem na atividade sentido de propósito.
“Diferentemente do que as empresas acham que a pessoa precisa é de mais trabalho, não é. É de tarefas. O processo de luto se dá em cima de tarefas. Tarefas de organização das funções em razão da pessoa que faleceu”, explica o professor de psicologia.
A elaboração do luto, neste caso, se dá mediante o senso de responsabilidade pelas tarefas conferidas, especialmente quando isso carrega o senso de responsabilidade de continuação das funções exercidas pelo parente que morreu. Ou seja, quando a pessoa que ficou se sente na obrigação honrar o ente querido através do cumprimento das suas tarefas.
Reinvenção da vida familiar
Para o psicólogo Álvaro Rebouças, a pandemia também trouxe a necessidade de “reinvenção da vida familiar”, visto que muitas pessoas passaram a ter uma convivência que nunca tiveram, uma vez que entraram em isolamento social, passando mais tempo próximas aos seus parentes.
Esse isolamento provocou “uma hiper convivência que ninguém tinha ideia de como é que iria ocorrer. Uma hiper convivência das pessoas por um tempo maior dentro das residências”, explica o professor.
Diante de tamanha proximidade, criar maneiras de convivência em harmonia se tornou uma necessidade para a própria sobrevivência da família, segundo o psicólogo. “Alguma coisa que foi bem positiva foi que as pessoas precisaram, criativamente, descobrir formas de como conviver juntas”, disse ele.
“Elas precisavam se inventar. Nessa circunstância, essa invenção ou reinvenção da vida familiar e da vida conjugal foi necessária para a sobrevivência em conjunto”, conclui Rebouças. Para ler a entrevista completa com o especialista, clique aqui.